sábado, 30 de agosto de 2008

Uma visão do mundo

Uma visão do mundo
Agora eu já era quase uma adolescente estava fazendo a formatura de quarta série, tinha ido à excursão do Sítio do Carroção e agora eu ia colar grau, ia entregar um buquê de flor pra não sei quem, ia entrar na passarela com meu pai e depois ia pegar meu diploma. Eu estava lindinha, toda ansiosa e contente por estar ali, tava tão segura com meu pai ali comigo, tinha certeza de que era a mais bonita de todas. Eu estava virando uma mocinha! Passada as férias estava eu na quinta série, agora estava numa escola particular, aquela onde a tia Nanci lecionava. Estava eu e mais metade de minha sala, portanto meus amigos continuavam os mesmos. Continuei nessa escola por mais dois anos, lá tive aula com a Cristiane, filha da tia Nanci, uma professora muito legal e sempre estava sorrindo, parecia gostar muito do que fazia, tive também um ótimo professor de História, com o qual era muito divertido aprender história, ainda mais porque eu o achava lindo. No entanto, acabei mudando de escola. Na sétima série fui pra uma outra escola particular. Na época mudei porque nesta eu podia estudar manhã, enquanto que na outra só tinha horário de tarde, mas hoje em dia, sem dúvida acho essa segunda escola melhor, com professores mais preparados. Fiquei nessa escola até o terceiro colegial. Foi uma escola onde aprendi muito, errei muito e acertei muito. Gostava muito dela, no começo eu me sentia muito deslocada, pois todos meus amigos tinham ficado na outra escola e a nessa escola tinha muitos alunos metidos e mimados, mas aos poucos fui me enturmando e me adaptando e me apaixonando. Essa escola era grande, bonita e tinha várias atividades extra curriculares, tinha feira de ciências, tinha gincana, tinha aula de artes. Era bem legal estudar lá! Acho que realmente aprendi a gostar dessa escola quando fui para o colegial, hoje chamado Ensino Médio. Comecei a participar de um grupo de química, onde nos reuníamos num horário fora da grade curricular para aprendermos química na prática. Íamos ao laboratório e fazíamos experimentos, junto à professora e aprendíamos também o conteúdo teórico, embasado na aula prática. No colegial foi quando tive ótimos professores de matemática, duas professoras que pareciam apaixonadas de fato, uma dessas professoras falava que o primeiro mandamento era: amar a matemática acima das outras matérias, e era engraçado porque ela sempre repetia isso. Sempre que aparecia algum problema que ninguém conseguia responder ela falava pra não ficarmos nervosos e lembrarmos do primeiro mandamento. Ainda no colegial tive aula com ótimos professores de biologia, mas um deles sempre me vem a mente quando penso num professor exemplo. O nome dele era Fabio, “Seu Fabio”, dava aula muito bem, era engraçado, tinha uma ótima didática, de fato prendia a atenção dos alunos, até daqueles que nunca prestavam atenção na aula. E era unânime, todos gostavam dele, mesmo quando ele tinha que ser bravo ou enérgico. Ele era o melhor professor, ao menos pra mim. No colegial me lembro de duas excursões, na primeira fomos ao Petar, fizemos trilhas e entramos em cavernas, achei aquilo muito divertido, mas percebi que caverna não era o meu ramo, me sentia mal em estar num lugar escuro e perdida, dependendo do guia. A segunda viagem fomos à Ubatuba, era uma viagem de estudo, o organizador era o Seu Fabio. Com certeza foi uma das melhores viagens da minha vida, a viagem foi programada para a época de maré baixa e então vimos muitos invertebrados marinhos. Eu achei aquilo tudo lindo e me apaixonava cada vez mais pela biologia, no entanto, no penúltimo dia, íamos ter uma pratica sobre peixes ósseos e cartilaginosos. Ao abrirmos o peixe ósseo eu já senti aquele cheiro e tive um revertério, mas agüentei firme e forte, porém quando abrimos uma raia o cheiro era pior ainda, era insuportável e dentro dela tinha um filhotinho, ai fiquei com dó, com nojo e nossa, foi terrível. Foi quando desisti de fazer biologia, pois não tinha estômago pra tudo aquilo. Voltei pra casa com uma única certeza, não quero mais fazer biologia, acho tudo lindo, mas não tenho estomago para tanto. E assim foi, ainda admirando meu querido professor, mas já não o tinha como exemplo a seguir. Continuei o segundo e terceiro colegial assim, sem saber o que queria fazer depois daquilo. Sabia que teria que fazer alguma coisa, mas sem a mínima noção do que. Em meu terceiro colegial eu fui bem relapsa, mal estudava. Era pra ser o ano de maior dedicação, mas nossa, eu só gastava de ir a escola. Hoje pensando acho que isso foi um reflexo de minha decepção, aquilo que eu sempre sonhei não era tão legal quanto eu pensei que seria, eu não tinha mais um objetivo certo, eu estava ali somente por estar, sem estimulo algum. No final do ano teria que prestar vestibular e só sabia que não seria biologia, pensava em algo relacionado à química, uma vez que era uma matéria a qual me interessava. Fui até em feira de profissões, fiz teste vocacional e cada um dava um resultado, por fim prestei farmácia e engenharia de produção. Obviamente não passei. Em 2004, o ano do cursinho, aconteceu uma mudança na minha vida, literalmente. Minha família se mudou pra uma outra cidade, Sorocaba. Ai foi um caos, não conhecia ninguém, odiava a cidade e assim foi, porém quando comecei a estudar fiz amigos e comecei a gostar da cidade também, foi um ano bem diferente, com amigos novos, lugares novos, porém uma coisa ainda continuava ali... o Seu Fabio. Fiz cursinho na escola onde ele dava aula, e nossa, era muito legal ter ele lá. Na nova escola ele não era tão popular, porém pra mim ele ainda era o melhor. Era a aula que eu mais gostava, era o professor que eu mais gostava e a matéria que mais me dedicava, se não a única. No cursinho ainda não sabia o que prestaria no final do ano e assim foi. Lembro que em 2004, ano do cursinho, um dos pontos mais marcantes foi uma conversa com um amigo do meu irmão, o qual fazia biologia. Conversando com ele, eu contei que sempre quis biologia, mas tinha desistido e ele me incentivou muito a prestar biologia, que era um curso legal, que as aulas praticas eram poucas e que com o tempo se acostumava a lidar com aquilo. Então decidi, novamente, que seria uma bióloga. Chegou a hora de preencher a ficha de inscrição. E ai? Bacharel ou licenciatura? Licenciatura é claro, nem sei pra que serve, mas é vespertino noturno e eu odeio acordar cedo.

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